Seguindo o modelo Peer-to-Peer (P2P), “de pessoa para pessoa”, vendas da sala comercial, localizada em Porto Alegre, estão sendo realizadas pelo sistema de frações na wallet da netspaces, empresa responsável pela digitalização do imóvel.
O edifício Santa Cruz, o mais alto de Porto Alegre, localizado na Rua da Praia, uma das mais tradicionais da cidade, abriga a primeira propriedade digital do Brasil: uma sala comercial de 32 metros quadrados que acaba de alcançar o número de 400 donos, pouco mais de 120 dias após o início da campanha.
A netspaces, fintech que integra players do mercado imobiliário com tecnologia proprietária construída sobre blockchain, realizando transações online com pagamentos dentro da plataforma, foi a empresa responsável por emitir um token NFT com tecnologia blockchain, que carrega direitos sobre o imóvel, em maio de 2021, transformando o espaço na primeira propriedade digital do país.
Seguindo o modelo Peer-to-Peer (P2P), “de pessoa para pessoa”, as vendas da sala comercial são realizadas pelo sistema de frações diretamente na wallet da netspaces. Inicialmente, a titularidade de 100% do imóvel foi mantida pelo proprietário digital original. No entanto, para que mais pessoas tivessem acesso ao NFT, ele decidiu colocá-lo à venda em junho deste ano.
“Este imóvel tem chamado tanto a atenção do público porque é a primeira propriedade digital do Brasil, podendo ser transacionado digitalmente com facilidade nunca antes vista. Com isso, surgem transações que até então não eram possíveis ou economicamente viáveis, como o caso da compra e venda em frações pequenas. Pessoas que não conseguiam acessar o mercado imobiliário por causa dos tíckets muito elevados, têm agora a oportunidade de acumular imóveis com o tempo, fração a fração, com todos os benefícios e as oportunidades do mercado imobiliário em geral”, explica o CEO da netspaces, Andreas Blazoudakis, empresário gaúcho que já esteve à frente de empresas como Movile, Ifood e Playkids.
Como funciona na prática
Por meio da tokenização, processo que envolve, entre outras etapas, uma transação que passa por uma escritura e a matrícula do imóvel, como o caso da sala comercial de Porto Alegre, permite-se que um criptoativo (ou token em blockchain), um bem digital único e impossível de falsificação, passe a carregar direitos sobre um imóvel determinado, como os direitos de alugar e receber locativos, vender, usar como garantia para crédito imobiliário e até mesmo usar.
Por se tratar de um ativo digital, esse token passa a poder ser comercializado pelos seus donos com mais agilidade, uma vez que, devido ao modelo disruptivo oferecido pela netspaces, as transações ocorrem dentro de uma plataforma online e segura, em que estão interligados todos os provedores de serviços imobiliários de costume, seja para vender, alugar ou obter crédito com garantia imobiliária.
“A digitalização da propriedade é a máxima digitalização de todas as relações imobiliárias. Compra e venda, doação, crédito imobiliário, processos que até hoje consumiam muito tempo em etapas, sobretudo offline, agora passam a ocorrer de forma inteiramente eletrônica e com todas as qualidades que essas transações geralmente trazem: são leves, acessíveis e simples. E isso abre tanto ao mercado quanto às pessoas em geral um mar de novas possibilidades, da compra e venda de pequenas partes até mesmo a realização de microtransações de crédito com garantia imobiliária. De ponta a ponta, é valor que se entrega à sociedade como um todo “, detalha Blazoudakis.
Com a popularização crescente dos NFTs usados em propriedades digitais de imóveis, a aposta da netspaces está em operações menores e com maior frequência, que são mais inclusivas, fazendo com que mais pessoas possam ser donas de um ou até vários imóveis sem a necessidade de grandes compromissos financeiros.
Expectativa de 500 proprietários digitais
Até o momento, a sala comercial da capital gaúcha foi vendida por diferentes valores e frações a cada transação, sendo a menor delas por R$ 2,50 e a maior por R$ 4.800. Com base no valor e no percentual que cada fração transacionada representa do total, pode-se calcular que o imóvel vem sendo negociado nesse formato de transação por um valor que oscilou entre R$ 150 mil e R$ 250 mil.
Hoje, o primeiro imóvel com propriedade digital do Brasil está alugado pelo valor mensal de R$ 986,70, possibilitando que os proprietários digitais recebam aluguéis normalmente, assim como qualquer outro dono de imóvel. Exemplo: quem adquiriu 10% da propriedade digital, recebe, em média, R$ 98,60 reais a título de pagamento de aluguel mensal. E caso a sala comercial fique desocupada em algum momento, os proprietários digitais precisarão pagar o IPTU e o condomínio, assim como donos de qualquer imóvel.
A sala seguirá à venda e, de acordo com o comportamento das compras e vendas entre os atuais proprietários, a netspaces acredita em um volume de 500 donos até o final de 2022, em sua maioria com transações de pequeno porte.
Atento ao mercado de tokenização de imóveis, Danilo Dória Solarino, diretor de inovação da Superlógica, por exemplo, comprou 0,1% da sala comercial por R$ 245,00 e destaca que fez a aquisição para degustar a inovação que o modelo representa para o setor imobiliário.
Imóvel Magazine