Star Wars é mais do que um filme, é um grande negócio. A saga é, sem dúvidas, um dos maiores fenômenos da indústria do entretenimento dos últimos 50 anos. Os personagens são cultuados como heróis e os resultados dos seis filmes são a maior prova do retumbante sucesso. Além de ter revolucionado a indústria do entretenimento, Star Wars ainda trouxe lições de inovação para o mundo dos negócios.
Os episódios, de modo geral, permitem traçar alguns aprendizados sobre gestão, negócios e inovação. Confira a seguir!
A revolução dos efeitos especiais
O primeiro episódio, “Star Wars: uma nova esperança”, que na realidade só recebeu esse subtítulo anos depois, dado que George Lucas não tinha nenhuma certeza da continuidade do projeto, marcou o nascimento da era dos blockbusters e do uso dos efeitos especiais como um atributo de diferenciação do produto. Inovadores fazem exatamente isso: introduzem novas dimensões de valor em negócios existentes.
O tema já fora apresentado anteriormente por outras obras, mas foi a saga que o catapultou a um novo estágio e abriu caminho para o que conhecemos hoje. O Oscar de efeitos especiais está entre os dez que a saga ganhou e os sons e as imagens dos filmes estão vivos até hoje na lembrança de todos. Quem não se recorda do som do sabre de luz ou da voz de Darth Vader?
A força do storytelling
Atualmente, as marcas querem ter o próprio storytelling, mas nada foi mais efetivo em aliar mitologia, personagens e relacionamentos para criar emoções do que Star Wars.
Os seis episódios evidenciam a força do storytelling e abriram espaço para novas e futuras oportunidades baseadas na ideia original, ou mesmo para spin-offs do núcleo central. Discute-se a ideia de fazer um filme de Yoda. Não foi à toa que, recentemente, a Disney comprou a franquia de George Lucas por US$ 4 bilhões. Star Wars não é o filme do Batman ou do Homem Aranha, mas de Luke, Yoda, Leia, Han Solo, Darth Vader e de tantos outros personagens.
A pré-venda e a antecipação de receitas
O novo filme, “Star Wars: o despertar da força”, abriu espaço para uma iniciativa muito interessante. A Disney, nova proprietária da franquia, comercializou antecipadamente os ingressos para a estreia e a pré-estreia. Eu fui um dos malucos que antecipou a receita para a Disney algumas semanas antes de o filme estar disponível. Além do impacto no fluxo de caixa de mais de US$ 50 milhões comercializados em ingressos, a empresa garante, com isso, a fidelidade e o sentimento de privilégio em seus fãs early adopters, para usar a linguagem da inovação.
A diversificação das fontes de receita
Star Wars marcou o início do negócio de licenciamento de produtos. Me recordo bem de uns bonecos de ferro de Luke e Darth Vader, até certo ponto mal-acabados, que ganhei de meus pais nos anos 1980. George Lucas antecipou essa oportunidade e baseou seus ganhos no merchandising. Foram desenvolvidos jogos, livros, histórias em quadrinhos, eventos internacionais, bonecos, cartas e armas de brinquedo (inclusive sabres de luz).
Consolidou-se, assim, a visão de que o filme é uma “plataforma” que pode ser monetizada de diferentes formas, e não apenas com a receita da bilheteria dos cinemas. A projeção de analistas é de que o novo episódio possa faturar US$ 5 bilhões em merchandising utilizando um modelo de negócios em que George Lucas apostou em 1977.
A comunidade da marca como força motriz
Todos os produtos e negócios querem ter clientes que os defendam. O legado de Star Wars é sustentado por uma comunidade de fãs que se auto-organiza em eventos, ações e projetos de culto à marca, agora potencializados pelas redes sociais e por gigantes como Apple, Lego e Harley-Davidson.
Nunca na indústria do cinema um filme formou uma legião tão intensa de seguidores que se vestem como seus personagens. Alguns deles tatuam momentos da saga nos próprios corpos. Essa comunidade é, também, uma enorme fonte de ideias e de inspiração para potenciais futuras inovações.
Em resumo, a saga soube desenvolver-se com o tempo, incorporar novas tecnologias, aproveitar o fenômeno das redes sociais e mitificar seus personagens junto a novos públicos. A forma de comunicar seu storytelling, fomentar sua marca, nutrir sua comunidade e identificar novas fontes de receita são inovações que trazem aprendizados de uma galáxia nem tão distante e que podem servir de inspiração para empreendedores e inovadores.
Que a força esteja com você!
Via Sebrae / Endeavor Brasil.
Maximiliano Carlomagno é sócio-fundador da Innoscience, consultoria especializada em gestão da inovação, mentor na Endeavor e presidente do Comitê de Inovação da Amcham-SP.